Esta poesia é da virada do século, do milênio, mas ainda tão atual, apesar das circunstâncias e o momento planetário ser outro.
Desemprego, problema mundial.
Nos índices, crescimento sem igual.
Taxas , números, estatísticas
preocupações,
mas são só notícias de jornal.
De repente,
um telefonema, uma reunião, um encontrão e
de uma hora para outra,
lá se está nas estatísticas oficiais.
Mais um voluntário
compulsório
a engrossar as fileiras dos trabalhadores sem trabalho.
Estudo, curso superior, de atualização, especialização e
tantos mais.
Mas, que decepção,
nada é suficiente.
Outro curso superior, quem sabe?
Inglês, informática, espanhol,
fotografia, turismo, culinária.
É preciso mais e mais.
Nunca pronto, nunca o perfil ideal.
Falta estudo,
preparação,
experiência.
Ou bagagem demais, caro demais.
No fim, o destino um só
o olho da rua.
Na rua, todos iguais.
Doutor, advogado, operário,
professor, digitador,
porteiro, faxineiro, cobrador,
pedreiro, office-boy, vendedor,
desenhista, projetista, cartunista,
faxineira, passadeira, diarista.
Sem emprego, sem dinheiro,
menos compras, mais contas.
Ajuda em casa sim.
Pagando? Nem pensar.
Menos empregos, mais desemprego,
novas contas, menos compras.
Mais desemprego.
A bola de neve, cada vez maior,
desvairada segue devastando, infartando, dominando.
Dizem que o negócio é o próprio,
mas custa dinheiro, que é escasso.
A esperança está nos clientes, também sem dinheiro.
Falidos, falados, taxados.
Desempregados, apavorados, atarantados.
E assim,
dia após dia,
vão se construindo subs:
subdesenvolvimento,
subutilização,
subemprego,
submundo,
subvida,
"subcompetência",
"subrealização",
sub, sub, sub
“submarino amarelo,
submarino amarelo”.
Futebol, tênis, vôlei, basquete,
modelo, manequim,
artista, jornalista...
Global.
Cento e cinquenta milhões de jogadores e televisivos.
Tá bem!
Isso é um pouquinho
de exagero.
Cento e cinquenta milhões de
jogadores,
televisivos,
vereadores,
deputados,
senadores,
ascensoristas do Congresso,
et cetera e tal,
mesmo sem presentinhos
de Natal.
MATNAL
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