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UM OLHAR SOBRE A MULHER QUE SOMOS APÓS OS 50


Mulher tem que ser perfeita!

Não é assim que se diz? Não é assim que se espera? Não é assim que aprendemos? Não é assim que somos exigidas? Não é assim que nos exigimos?

Na dificuldade em lidar com o prazer, exigimo-nos cada vez mais perfeição. Perfeição nas formas, perfeição na casa, perfeição na família, perfeição na rua, perfeição, perfeição, perfeição...

E na eterna busca da perfeição, saímos para o mercado de trabalho, para além das portas do lar doce lar. Mas desacostumadas e descrentes do prazer de sermos nós, muitas vezes, esquecemos do prazer de “ser” e “estar” mulher.

Não existe corpo perfeito, nem forma perfeita. Existe o meu corpo, o nosso corpo, a minha forma, a nossa forma no aqui e no agora. Forma que conta de mim, que conta de nós, que diz da minha história e da história do “nós”; da historia que foi e da que virá.

Vida é transformação. E é na constate metamorfose que ela conquista continuidade.

A mulher que somos se transforma a cada dia. Nossos corpos também se transformam. A história contada em nossos corpos ganha novos capítulos a cada dia.

Que gigantesco horror é esse que as rugas e os cabelos brancos provocam? Que pavor é esse em relação ao corpo que se transforma? Que necessidade e essa de esconder que mais um degrau da escada da sabedoria foi conquistado e que a bagagem da vida se tornou um pouco maior?

O elixir da juventude esta na confiança de que é a constante transformação que faz a diferença significativa.

Mudamos não porque perdemos a validade. Mudamos porque ganhamos mais aprendizado. Porque evoluímos.

Envelhecer é um movimento natural e bastante saudável.

O adoecido é pensar que envelhecimento é sinônimo de incapacidade, imobilidade, decadência e invalidez.

Seguir na trajetória natural das mudanças corporais não quer dizer entrar num processo inevitável de desgaste e decrepitude.

Seguir na trajetória natural das mudanças corporais quer dizer assumir um estilo de vida baseada no respeito e acolhimento das próprias demandas e necessidades.

O decrépito desgaste não é o movimento natural da vida.

O saudável e natural é a renovação. Assim é a vida: uma eterna possibilidade de “vir-a-ser” diferente.

É na eterna possibilidade de “vir-a-ser” que vivemos com intensidade a mulher que somos. Porque mulher é...

Mulher é pé que apoia e sustenta, é coxa que elabora projetos de vida. É mama que direciona o caminho.

Mulher é nuca “desejante”. É ombro que carrega o mundo, mas também se responsabiliza pelos próprios desejos.

Mulher é pelve que acolhe a intimidade, que abriga as inúmeras possibilidades de criação, que aconchega e resguarda a opção escolhida e que, a partir desta decisão, viabiliza o caminhar no mundo.

Mulher é ...
a visão que vê com os olhos da alma;
os ouvidos que escutam os sons do universo;
a boca que degusta as delícias do mundo;
o olfato que cheira os aromas da sensorialidade e;
a pele que sente o contato do outro.

Mulher é corpo, mas não esse “corpo-mármore” constantemente esculpido pelo social.

Mulher é “corpo-significado”, “corpo- significante” de vida em mutação, vida em evolução.

Mulher é “corpo- corporeidade”. Corporeidade que é a consciência do cosmo em nós. A inscrição do macro no micro que somos.

Mulher é “corpo-força” de organização da vida concreta. Corpo que, como seu poder de transformação e interação, reescreve a história do macro.

Mulher é corpo que é forma. Não uma forma qualquer, mas a forma onde esta impressa a evolução do universo, onde esta escrito o conhecimento da humanidade e onde esta registrada a história de nossas experiências e vivências de cada dia.

Mulher é corpo.  “Corpo que é meu. Corpo que sou eu. Corpo que é o melhor de mim que já fiz até agora.”

Corpo que é sábio, que reconhece na sua própria formatação todo o conhecimento que ali está inserido. Conhecimento que se expressa em nós e que traz registros de tempos idos e de tempos que virão.

Corpo que se transforma, naturalmente, porque mutante é a vida. Vida que é continuidade.

Enfim, mulher é forma. Forma que é o espelhamento do que somos no aqui e agora. Forma que é o apanhado do que fomos e o projeto, mutante e mutável, do que seremos.



Afinal, nós mulheres, somos pesquisadoras de nós mesmas, fortes na nossa aparente fragilidade, possuidoras de uma imensa capacidade pessoal de renovação e detentoras de um grande e peculiar potencial de transformação do que nos cerca. Isso porque temos em nós  múltiplas possibilidades de criação e a forma mágica da curva espiralada da vida.

MATNAL








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