Salto 10 e o ritual de passagem.

Oi gennnnttttee!!!!!


Hoje estou sentindo-me a própria Miranda Presley, a poderosa chefona do filme "O diabo veste prada", que a Meryl Streep interpretou divinamente.

Comprei um belíssimo sapato, salto 10.

Simplesmente MARAVILHOSO.

Até bem pouco tempo sapatos não faziam à minha cabeça mas agora...

Esse tema não é novo por aqui. Já escrevi sobre outro salto 10  
( http://blogdaaugustamulher.blogspot.com/2010/06/queimada-na-bh-cidade-jardim-e-eu-no.html ) ,
que por sinal era muito mais parecido com o cartaz acima, mas o de hoje...


uauuuu.....


Fiquei poderosa!!!!

E que poder!!!! 


Mas também não é para menos...


ele traz a marca da minha mudança.


Depois de meses doando minhas roupas e sapatos 


- mudança geral de estilo e de vida -


esse sapato caiu como uma luva;


um marco do meu novo "eu".


Pensando bem...

Acho que estou ficando igual minha mãe:

apaixonada por sapatos.

Sua paixão é antiga.

Ela conta que quando moça, seu salário era destinado a pagar as contas, ajudar em casa e... sapatos. 

A baixinha  - como chamo carinhosamente a minha mãe - era uma daquelas mulheres de vanguarda, que nem mesmo sabia disso.

Vanguardista pela contingências da vida.

Em plena década de 40 ela já trabalhava fora. 

Como vinha de família humilde, precisava ajudar em casa e custear seus estudos. 

Ela se formou em contabilidade - título que promuncia com todo orgulhoso e deixa a filhana aqui mais orgulhosa ainda.

Dá para imaginar o que representa isso???

Já era difícil para as mulheres americanas, nos anos 40 e 50, estudarem e trabalharem.  

Imaginem então para uma brasileira, do interior de minas, lá "da" Capetinga - como dizia meu pai - estudar e se formar numa profissão tipicamente masculina para os padrões da época.  

É ou não é para eu ter muito orgulho da minha querida????

No início dos anos 50 ela foi trabalhar na fábrica da Samello, em Franca, interior de São Paulo.  

Chegou a ser convidada para ir trabalhar nos EEUU quando montaram um escritório por lá.

Mas aí, ela preferiu ficar e acabou conhecendo meu pai.

Isso é outra história.

Voltando ...

Nesse período sua paixão por sapatos tomou vulto, seu conhecimento sobre o assunto ampliou e sua exigência pela qualidade cresceu exponencialmente. 

Ela olha detalhe por detalhe, qualidade do material, acabamento, maciez, forma... 

Apenas num olhar ela sabe identificar se o sapato vai abrir para os lados, se vai acolher bem ou não seus pés, etc e tal.

Em relação a sapatos a baixinha é "fera".  

Nas minhas lembranças ainda estão registradas as imagens de caixas e caixas de sapatos em seu guarda-roupas. 

Quando criança aquelas pilhas de caixas guardavam preciosidades. 

Para mim aqueles eram tão especiais que nem em minhas brincadeiras eu imaginava.

Nessas horas eu acabava usando os da minha tia, que ficavam "deslumbrantemente" lindos com os vestidos arrastando no chão que compunham o meu "look fashion" .

Nas a adolescência chegou.

E com ela o meu alvará para calçar os "modelitos" de mamã.

UAUUUU!!!!

Para minha felicidade e raiva da minha irmã eu calçava o mesmo número da mamãe.

Ou seja...

eu era a única que podia "ousar" usá-los.

La na adolescência, os sapatos da mamãe marcaram o meu rito de passagem para o mundo adulto. 

Já nos dias de hoje...

Depois de meses só me desfazendo de roupas e sapatos que não mais me representavam, o os cabides ocupados no armário e o volume de coisas nas gavetas diminuiram assustadoramente. 


Sem sombra de dúvidas, 
estou na fase do "essencial" (rsrsrsrsrs). 
E, posso garantir, que isso é muito bom!!! 


Confesso que achar uma roupa para sair não está sendo uma das tarefas mais fáceis do mundo, 
mas...
eu estou -  simplemente - adorando! 


Não estou com pressa. 
Quero, devagar, observar o meu novo jeito e, gradualemente, recompor o guarda roupa com algo mais adequado ao meu novo "eu". 


Quero qualidade, sem excessos, nem desperdícios.
Quero o chique, porém clean, despojado e dinâmico.
Quero versatilidade, sensualidade e leveza.


Outro dia comprei uma blusa linda e um vestido bem alegre. 
Hoje, foi a vez do meu salto 10.


No auge dos meus 47, certamente, estou vivendo outro ritual de passagem.


Se é pra passar, passei.
Cheguei.


Então, que venha o meu novo "ser", com meu novo jeito.
E...
quem sabe, com uma boa dose do poder de vanguarda da "Baixinha"?!?!?!?!!?!!!!!!






Augusta