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CHUVA DE GRANIZO

Cabra estranho esse tal de granizo, cai aqui e acolá, num movimento forte e descido.  

Estranho mas tão natural quanto à própria chuva.

Às vezes a chuva de granizo fica tanto tempo sem dar o ar da graça, que a gente até esquece que ela também faz parte das maravilhosas manifestações da natureza.




Ontem , depois de um longo e movimentado dia – andei muito, dei várias aulas, atendi, convivi, viajei, discuti, resolvi questões, fui de um lado para o outro, experimentei sensações variadas do êxtase ao caos - eu passei no supermercado para pegar algo para o lanche.

O telefone tocou, mas a ligação estava entrecortada. Disse para o companheiro, do outro lado da linha: _ Quando chegar em casa eu ligo.

Terminei minhas compras e peguei meu rumo, morro acima, com minha mochila pesada e a sacola de compras.

Cheguei em casa tarde, cansada e suada.

Coloquei uma taça de vinho e algumas azeitonas.
Liguei o som e a voz maravilhosa da Jane Duboc, cantando os compositores mineiros, no CD Partituras preencheu o espaço.  Deixei as lâmpadas apagadas e fui para o banho à luz de velas.

Naquele momento era eu comigo, na inteireza de mim mesma, numa deliciosa sensação de bem estar, envolvida pelos pequenos, porém intensamente agradáveis prazeres da vida.

Depois do banho, enrolada no roupão e ainda com os cabelos molhados, comi alguma coisa e, já no sofá, entreguei-me àquela sonolência gostosa enquanto o CD repetia obediente.

Uma música diferente ecoou no ar, trazendo-me de volta à realidade.

Era o companheiro, ao celular.

Da prosa rápida algumas falas ainda estão na minha cabeça:

_ Por que não me ligou?
_ Resolvi ficar comigo mesma.
_ Estou atrapalhando?
_ Não, não esta.


Depois de alguma hesitação:


_ Quando eu digo que vou ligar, eu ligo. É no mínimo estranho: você disse que ia ligar e não ligou.


Pois é...

É, no mínimo, estranho.

Desejei ficar comigo mesmo e fiquei, sem pensar em nada, sem querer mais nada, a não ser estar ali, junto de mim.

Ontem, pela manhã desejei ligar para ele às 8h da manhã e liguei. “Foi bom”, ele disse.

No início da noite, já na viagem de volta, desejei ligar para ele e liguei. Ele não atendeu.

No supermercado, desejei atender o telefone e atendi. Não deu para falar direito. Mas não havia muito mais a falar. O cansaço talvez tivesse levado o que poderia ter.

Em casa, desejei ficar comigo, mas ...
era – “no mínimo – estranho”.

Hoje desejei ligar uma, duas ,  três vezes...
caixa postal.



La fora, a chuva continua a cair, mas já não é mais tão forte. Do “estranho granizo” nada restou pelo chão.


Augusta









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